Devido à grande ocorrência de doenças relacionadas à coluna de cães na minha rotina, resolvi escrever sobre o assunto. E, sem muita demora, já posso adiantar a você que o binômio PISO (liso) x PESO não é nada favorável à coluna dos nossos amigos quadrúpedes, principalmente quando se há o habito de pular do sofá, da cama, dos móveis... quando os cães pulam sobre os membros torácicos, a maior linha de força se direciona para baixo, o comprimento da coluna sofre grande efeito de compressão, particularmente nos discos intervertebrais, aumentando, assim, a possibilidade de uma hérnia. As forças de torção são poderosas, porque a coluna torácica é imóvel e encontra uma coluna lombar móvel. Dessa forma o ponto de maior freqüência de lesão do disco nos cães é a transição tóracolombar.
A doença do disco intervertebral é uma das causas mais comuns de paresia e paralisia em cães. Dois tipos de degeneração do disco foram descritos no cão em 1995, e possuem a fisiopatologia e conseqüências diferentes para o paciente: degeneração por metamorfose condróide e degeneração por metamorfose fibróide. A metamorfose condróide ocorre em cães pertencentes às raças condrodistróficas (raças pequenas com membros curtos como o Teckel, por exemplo), nos seus dois primeiros anos de vida. O disco degenera; ao mesmo tempo, o núcleo pulposo desidrata e é substituído por cartilagem hialina; esse processo inicia-se da periferia para o centro, resultando na perda da sua propriedade hidroelástica. Já a metamorfose fibróide ocorre em raças não-condrodistróficas. O processo torna-se clinicamente significativo dos 8 aos 10 anos de idade. Essa degeneração envolve um processo gradual de desidratação, onde o núcleo é substituído por fibrocartilagem, havendo perda da sua elasticidade.
As hérnias de disco podem ser classificadas como Hansen tipo I e II, também denominadas extrusão e protrusão, respectivamente.
A hérnia de Hansen tipo I ou extrusão do núcleo pulposo é a saída do núcleo de dentro do disco intervertebral, podendo causar compressão dorsal, dorso-lateral ou circunferencial da medula espinhal. A hérnia de Hansen tipo II ou protrusão do anel fibroso é o deslocamento do núcleo pulposo dentro do disco intervertebral, comprimindo a medula.
Herniação tipo I de Hansen – Extrusão discal
Herniação tipo II de Hansen – Protrusão discal
Cerca de 14% de todas as protrusões ou extrusões de disco ocorrem no pescoço e 85%, entre a 9ª vértebra torácica (T9) e 7ª vértebra lombar (L7).
As raças mais acometidas pela doença do DIV são Dachshund (TECKEL), Pequinês, Jack Russel terrier, Cocker spaniel, Beagle, Poodle miniatura, Buldogue francês e outras raças condrodistróficas e a idade média é de 5 a 6 anos.
O diagnóstico presuntivo da doença do DIV é baseado nos sinais clínicos e no exame neurológico. Para a confirmação do diagnóstico são necessários exames complementares como radiografia simples, tomografia computadorizada e eletromiografia.
Existem quatro categorias da doença de disco toracolombar correspondentes aos sintomas apresentados pelo animal:
GRAU I: apenas dor na região dorsal e podem ou não estar constipados
GRAU II: dor no dorso, paresia e ataxia de membro posterior, sem propriocepção.
GRAU III: paralisia caudal e são incapazes de se levantar ou agüentar peso com os membros posteriores, os reflexos dos membros posteriores geralmente são normais assim como a sensibilidade à dor.
GRAU IV: paralisia, sem percepção consciente de dor nos dedos dos membros posteriores, dor difusa extrema e os reflexos vão diminuindo progressivamente durante várias horas.
A acupuntura pode destruir os pontos-gatilho e assim abolir a dor muscular, o encurtamento muscular, a rigidez e a dor referida. A acupuntura pode ativar a volta de crescimento de axônios destruídos na medula espinhal. A acupuntura pode reduzir a inflamação espinhal local, o edema, a vasodilatação ou vasoconstricção e a liberação de histamina ou cinina, diminuindo a formação de cicatrizes no tecido, a compressão espinhal e a dor. Os resultados do tratamento com acupuntura para discopatia toracolombar variam de acordo com a gravidade da lesão. Cerca de 90% dos cães com doença de grau I se recuperam após dois ou três tratamentos, em um período de uma a duas semanas. Quase 90% dos cães com doença de grau II se recuperam depois de três ou quatro tratamentos durante três semanas. Aproximadamente 80% dos cães com doença de grau III se recuperam após cinco ou seis tratamentos em seis semanas. Apenas 10% desses animais não se recuperam e os outros 10% melhoram parcialmente. Menos de 25% dos cães com doença de grau IV se recuperam após dez ou mais tratamentos em um período de três a seis meses. A acupuntura pode ser tentada em cães com grau IV não submetidos à cirurgia dentro das primeiras 36h após o início dos sinais.
Evite o sobrepeso do seu animal e proporcione a ele momentos de atividades físicas. O piso liso é muito prejudicial à coluna dos cães, devido à grande instabilidade que isso vem a gerar nas articulações intervertebrais.
Reabilitação Veterinária, vale a pena tentar!