sexta-feira, 1 de julho de 2011

Caso clínico - Paciente Reizinho

          O paciente da vez é o Reizinho, um pequinês que, em 2009, tinha 4 anos e chegou até mim sem propriocepção e movimentos nos membros posteriores (MMPP), sem reflexo patelar, sem movimento de cauda e com incontinências urinária e fecal. Nesses casos de paralisia dos MMPP costumo encontrar animais com a musculatura da coxa bastante reduzida, assim como no Reizinho. A essa diminuição do diâmetro da massa muscular chamamos de hipotrofia por desuso. Além disso, o animal geralmente está saudável de uma forma geral, tendo "só" o problema de não andar com os MMPP, utilizando somente os membros anteriores (MMAA) para se locomover, arrastando os posteriores para ir até a ração, até a água, brincar, latir no portão, etc. Isso faz com que apareçam úlceras nos pés do animal pelas lesões geradas no momento em que ele se arrasta, além de assaduras pela falta de controle urinário e desequilíbrios posturais. Sendo assim, é fácil observar que quanto mais tardia for a intervenção nesses casos, mais problemas secundários aparecerão.

          Foi realizada uma radiogradia simples no nosso amigo Reizinho e descobrimos um disco intervertebral mineralizado (com depósito de Cálcio) entre a 12ª e a 13ª vértebra torácica (T12 e T13). O disco calcificado não surge do dia para a noite... é um processo gradativo, resultado de uma série de fatores já citados no caso da Sandy. Especificamente no Reizinho, essa discopatia não surgiu por conta da idade nem do sobrepeso, mas sim pelas atividades excessivas realizadas em piso liso, como pular do sofá para o chão escorregadio. Esse tipo de piso é muito instável para a coluna vertebral dos cães, gerando desgastes precoces. Essas calcificações entre as vértebras podem promover compressões nervosas que prejudicam os impulsos nervosos, gerando as paralisias, alterações de sensibilidades, dores, etc.


Radiografia demonstrando o disco calcificado entre T12 e T13.

          No Reizinho eu utilizei acupuntura com estímulo elétrico e manual, além da moxabustão na região lombar, que consiste na queima de uma erva chamada Artemísia sobre pontos específicos. Ao longo dos atendimentos fui inserindo alongamentos globais nos MMPP, estimulação neuro-sensorial (ENS) e trabalhos de fortalecimento conforme o paciente ia se recuperando e adquirindo tônus muscular. A ENS nada mais é do que enviar informações ao Sistema Nervoso Central (SNC) com utilização de caminhadas em pisos de diferentes texturas, escovação dos membros com diferentes densidades de cerdas de escova, fazendo com que ele (o SNC) envie respostas e passe a utilizar novamente com qualidade os neurônios presentes. Esse tipo de estímulo pode ser realizado diariamente pelos proprietários do animal em tratamento, acelerando o processo de reabilitação e criando uma importante relação entre paciente, proprietário e médico veterinário fisioterapeuta.

          O tratamento foi iniciado no dia 21/08/09 e após 3 sessões (dia 04/09/09) o paciente se levantou e deu alguns passos incoordenados. No dia 26/09/09, após 6 sessões, o nosso amigo estava reabilitado e recebeu alta dos atendimentos.


Veja o vídeo para você acompanhar a evolução do Reizinho:




Reabilitação Veterinária, vale a pena tentar!

Um comentário:

  1. Parabéns!!Quando parece ser um caso sem cura,há médicos veterinários dedicados que pesquisam e tratam
    até encontrar a solução qdo possível.
    Fiquei emocionada de ver a alegria do reizinho andando todo feliz com o rabinho balançando.

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